O artigo procura apresentar Ocnos, última obra do poeta espanhol Luis Cernuda (1902-1963), a partir dos elementos constitutivos de um dos seus capítulos/cantos/fragmentos, intitulado “La catedral y el río”. A composição do referido texto – e de todo o livro – incorpora traços de crônica, poesia, memória, relato, carta, fragmento, écfrase e conto. Seu caráter formal instável insere a obra num campo de difícil demarcação – categoria ou gênero literário –, por isso quase sempre é reduzida como obra literária, quando se lhe atribui a etiqueta de prosa poética, de memória e afins, deixando de considerar que uma obra, ao repelir rótulos, ainda que não sejam depreciativos, reafirma a potência literária do contraditório e do inominável